Paranapiacaba à Cubatão através da trilha do funicular
Esta é uma trilha próxima à São Paulo que segue desde Paranapiacaba no município de Santo André até Cubatão acompanhando os antigos trilhos do sistema funicular, que operou desde o final do século XIX até o ano de 1982.
A caminhada
Esta é uma trilha próxima à São Paulo que segue desde Paranapiacaba no município de Santo André até Cubatão acompanhando os antigos trilhos do sistema funicular, que operou desde o final do século XIX até o ano de 1982. O percurso pode ser realizado tranquilamente em um dia e não requer preparo físico ou conhecimento de técnicas verticais, apenas paciência, atenção e disposição para enfrentar a lama.
A maioria das pessoas que realizam esta trilha lamentam o estado de conservação das pontes e do maquinário. Para mim, a beleza do percurso está exatamente na mata atlântica, que se recupera de forma incrível da cicatriz causada pelo homem no século passado. Árvores crescem sobre as antigas construções, a água devolve ao relevo a sua forma natural e a ferrugem dá um fim às supostamente indestrutíveis pontes criando cenários incríveis. Acredito que em mais 10 ou 20 anos, apenas as fundações de rocha estarão presentes para contar a história.
Por se tratar de um local muito próximo à São Paulo vale a pena aguardar um final de semana ensolarado antes de se embrenhar na Serra do Mar. Em caso de chuva o percurso pode tornar-se extremamente desconfortável.
Ao chegar em Paranapiacaba é necessário ir até o mirante, localizado após o cemitério e o estacionamento. No mirante, uma larga trilha desce rumo às torres de alta tensão. Cerca de 20m após a entrada na trilha é preciso abandoná-la seguindo através de uma picada à esquerda.
A picada tem cerca de 150m de comprimento e leva à linha em operação da MRS. Este é o local mais perigoso do passeio e requer alguns cuidados especiais com o intuito de evitar acidentes. Será necessário seguir a estrada de ferro por cerca de 200m no sentido do litoral até o final da parede de pedra, cruzar os trilhos e subir o talude através das escadas de drenagem de água existentes (no mapa do GPS marquei duas escadas). Recomendo aguardar um trem passar antes de tentar acompanhar e cruzar a via. A linha do funicular encontra-se no topo do talude.
Também possível acessar os trilhos do funicular pela cidade baixa, sem cruzar a a estrada de ferro ativa. Neste caso basta atravessar a passarela e seguir pela rua no sentido litoral até um pouco depois da subestação elétrica e descer pelo mato até os trilhos. Dizem que esta alternativa pode causar problemas com os guardas da cidade embora a primeira, com certeza, não é bem vista pela MRS.
Uma vez nos trilhos do funicular, basta acompanhá-los. As pontes podem ser cruzadas por cima, andando com muito cuidado sobre os trilhos, ou pela lateral, acompanhando a mesma cota da via. Não é necessário descer até o fundo dos vales e subir novamente. Cabe ao caminhante avaliar o risco de cruzar ou não os viadutos.
Em alguns trechos do percurso o capim e pequenos arbustos tornam a trilha um pouco fechada, basta guiar-se pelos trilhos e pelo cabo de aço para encontrar o caminho. Um facão bem utilizado pode facilitar a vida.
Chegando em Cubatão, seguir embaixo do viaduto da Piaçaguera no sentido Guarujá/Bertioga até o final. Uma passarela de concreto permite atravessar a linha da MRS (ativa) e chegar até a avenida aonde está localizada a COSIPA. Lá existe um ponto de ônibus que pode levá-lo até a rodoviária de Santos ou de Cubatão.
Como chegar
A melhor forma de realizar o percurso é através de transporte público. Na estação da Luz, em São Paulo é possível pegar o trem para Rio Grande da Serra (linha 10 - turquesa) que parte a cada 10 minutos. O tempo de percurso é de aproximadamente 1h.
Em Rio Grande da Serra, a uma quadra da estação, está o ponto do micro-ônibus da EMTU que parte a cada 1 hora para a vila de Paranapiacaba (linha 424: Santo André-Paranapiacaba via Campo Grande). O percurso dura cerca de 30 minutos. É importante lembrar que a última saída desta linha é às 23:30.
Aonde acampar
Entre o 1° e o 5° túnel existem diversos locais planos e seguros para acampamento. No restante da trilha ainda é possível acampar dentro dos túneis pois a trilha acaba ficando muito fechada. Por questões de segurança e visitantes indesejados não recomendo acampar abaixo o 1° patamar.
Informações técnicas
- Distância: aproximadamente 12 km
- Duração: de 6h à 8h em ritmo tranquilo
- Dificuldade: Baixa. O cruzamento das pontes é a tarefa mais emocionalmente desafiadora do percurso.
- Melhor época do ano: Maio a Setembro (menos chuvas)
Material recomendado
- Água: alguns rios da serra são poluídos.
- Facão: para abrir caminhos em meio a bambuzais, capim e cipós. Se você não tem prática no uso (sim, existe técnica) pode dispensar este item.
- Luvas (importante!): o aço enferrujado das pontes corta as mãos.
- Lanterna: evita acidentes nos túneis.
- Calças e camisa de manga comprida e tecido grosso (importante!): A vegetação e os insetos não perdoarão o seu corpo. As trepadeiras são repletas de espinhos.
- Saco de lixo: para levar tudo que você gerou ao longo da trilha.
- GPS com o mapa que disponibilizo aqui: Ajuda a encontrar o caminho, mesmo com muita neblina e dá uma segurança extra.
Dicas
- Levar todo o material dentro da mochila (nada nas mãos ou pendurado).
- Todas as roupas devem ficar dentro de sacos plásticos ou sacos-estanque, mesmo que a mochila prometa ser resistente à água (nenhuma é).
- Usar repelente durante o dia todo e protetor solar.
- Não leve balinhas ou chicletes. Além de não servirem para nada, as embalagens vão cair de seu bolso e depois alguém vai ter que perder tempo de passeio recolhendo o seu lixo.
- Durante todo o percurso existe cobertura de celular.
Atenção!
- Mantenha distância da ferrovia ativa que desce a serra do mar, esta linha é muito movimentada e as locomotivas elétricas são silenciosas. O risco de acidentes é MUITO alto. Se você não tem coragem de atravessar uma ponte ou não consegue encontrar a trilha VOLTE! Os funcionários da MRS são treinados para identificar e remover invasores da linha, desta forma, evite constrangimentos.
- Ao longo das laterais de toda a via do funicular existem canais para a drenagem da água da chuva. Estas valetas tem cerca de 50cm de profundidade e com o passar dos anos foram parcialmente cobertas pela vegetação. Cuidado para não cair nelas.
- Nas proximidades das casas de máquinas dos patamares existem valas profundas (de 3 a 4m de profundidade) utilizadas na manutenção dos trens. Estes buracos formam verdadeiras "armadilhas" praticamente invisíveis. Algumas delas foram cobertas com chapas de aço que com o tempo tornaram-se frágeis. Durante o dia e principalmente de noite, vale a atenção redobrada na proximidade destas construções.
- Os pontos de apoio mais seguros (em todas as pontes que ainda estão de pé) são os trilhos de trem. Estes dificilmente vão cair ou movimentar-se com o seu peso. O resto, incluindo dormentes podres, fica por sua conta e risco.
- Na dúvida não cruze uma ponte, contorne pela lateral. A sua vida vale mais do que 10 minutos economizados.
- A função do facão é cortar o capim, bambus e cipós de crescimento rápido. Utiliza-lo para cortar ou "marcar" árvores é um ato criminoso e irresponsável. Respeite a Serra do Mar.
- Ao longo trilha inteira é possível acompanhar os trilhos e o cabo do funicular. Nos últimos 300m os cabos e os trilhos foram roubados mas o caminho é bem demarcado.
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